A poesia é a expressão da alma. É a voz que materializa a existência humana para além do comum. É a palavra que sustenta o sentido da vida, que atribui ao ser um lugar no mundo, um significado. É a palavra que ultrapassa o pensamento, traduzindo o afeto e o saber organizadores do próprio eu. A ausência da palavra pode ser perturbadora, tanto quanto é libertador significar no poema a intensidade e leveza que fluem diretamente do sentir, das emoções, paixões e afetos mais genuínos do ser, os quais não podem passar pelo caminho da cognição. A poesia é uma fala da alma, uma fala que não foi pensada, apenas sentida e de outro modo não pode ser traduzida. Tal necessidade de escrever se torna uma possibilidade de poder exteriorizar o interno, ver o invisível e ler a si mesmo, nos próprios versos ou em quaisquer outros. Portanto, o que se diz em versos, só se pode dizer assim, de resto é silêncio. Um poema é uma alma aberta e sensível ao outro. Esses versos compartilham aquilo que não se falsifica, não se inventa nem se distorce: o real, o sentir, desde a angústia não nomeada ao luto pela ausência de si mesmo, tudo que há no sentir, condição básica de ser sim humano.